O homem deixou de arrastar as duas grandes malas de viagem e estancou ali. Mirou os elefantes, os leões e o bando de flamingos rosas que se banhavam num riacho amarelo e pareceu concordar com o lugar. Tirou os sapatos, fez o sinal de cruzar as pernas enquanto se agachava e deixou-se cair no chão, mesmo defronte do que o fizera sentar-se. Emparelhou as mãos em sinal de prece e levou-as a tocar a testa, a cara e o peito, ao mesmo tempo que se vergava repetidamente para a frente até tocar com a cabeça no chão. Deixou depois cair os braços em redor do corpo, fechou os olhos e deixou-se ficar assim, em sinal de meditação. À sua frente, os animais que insistiam em pastar na parede pintada eram o único sinal sedentário daquele aeroporto que fervilhava de pessoas, malas, carros-de-mão, raças, línguas, passaportes, destinos, rotas, fusos horários, urgências, fugas, sonhos, quiçà, pesadelos. No meu relógio eram 2h30m de uma tarde de Joanesburgo. Fiquei assim com mais uma prova da relatividade do tempo e dos lugares e de que haverá sempre uma outra hora e uma outra Meca algures espalhadas por este mundo com mais do que um dono e que consideramos, afinal, nosso.
domingo, 10 de fevereiro de 2008
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3 comentários:
Navegando por mares desconhecidos vim dar a esta Caravela em cais atracada.
O cais de quase toda uma vida,depois da partida à longos, anos lá voltei por 3 meses à 2 anos atrás. A decepção foi muita. Luanda da minha infância e adolescência morrera.Cá voltarei a esta Caravela de um marinheiro em águas do Mussulo para saber novidades
Tudo de Bom
Simplesmente Bel
Bel,
Creio perceber a decepção sobre o esgoto que é Luanda. De muitos lixos. Preserve-se, então, os inúmeros Mussulos que por aqui existem.
Que faz em Luanda ? Eu compreendo a cidade de Luanda, afinal serviu de refúgio a muita gente.Eu é que me lembro dela organizada e limpa sem poluição na ponta da ilha, meu Deus o que fizeram da ponta da ilha. Eram óptimas aquelas praias ,as areias eram brancas e as águas limpídas.Enfim
Simplesmente Bel
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