Magalhães estará a ser vendido no mercado negro. Este título, português, logo fez disparar na memória um outro, angolano, de há dois meses atrás. Livros de distribuição gratuita à venda. Certificação da latinidade dos dois povos?
quinta-feira, 26 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
Facas na Liga

Redzinger

terça-feira, 24 de março de 2009
Exitosos defuntos
Um bispo sul-africano classificou como «exitosa» a organização angolana da recepção ao Papa. Suspeito que as famílias das duas jovens mortas às portas do estádio dos Coqueiros não concordarão com esta fraterna parabenização. A menos que se trate, afinal, de mais uma reedição da velha máxima católica da confissão que precede o perdão.
domingo, 22 de março de 2009
Instâncias papais

Compumalária

segunda-feira, 16 de março de 2009
Toque a rebate

Os mosquitos tocam sempre duas vezes?

domingo, 15 de março de 2009
Esquecer de respirar
Um homem, conhecido por esquecido, deixou o seu bebé de nove meses dentro do carro enquanto trabalhava. Ao fim de três horas, o esquecimento transformou-se em fatalidade. À distância que esta notícia me toca, interrogo-me se também se esquecerá de sofrer.
sábado, 14 de março de 2009
O último excomungado

quinta-feira, 12 de março de 2009
Estado Falhado de Sucesso

quarta-feira, 11 de março de 2009
Um país criativo

A semana passada, ao chegar ao trabalho, verifiquei que o jipe com que nos últimos meses me tenho arrastado pelo trâfego de Luanda tinha o pneu traseiro do lado direito vazio. Depois de levado à oficina com quem mantemos uma parceria para as reparações da frota automóvel, devolveram-mo, «pronto», no próprio dia. Hoje ao fim da tarde, à chegada a casa, reparei que tinha o pneu dianteiro do lado direito vazio. Não é por nada, mas receio bem que este possa ser um exemplo das tais parcerias criativas.
terça-feira, 10 de março de 2009
Me too

segunda-feira, 9 de março de 2009
Catorzinhas

domingo, 8 de março de 2009
Mulherio II
Excomunga-se uma criança de nove anos de idade por ter sido violada, toda a equipa médica que lhe fez o aborto, mas não o violador. Por isso não estar previsto nas regras da casa, segundo o homem (?) do momento no Brasil, o bispo de Olinda e Recife. E não se pode exterminá-lo?
Mulherio

domingo, 1 de março de 2009
Amor,
Vejo-te na cama, a rebolar de êxtase com o Lobo Antunes que finalmente conseguiste acabar de ler, a perseguir com uma ameaçadora tesoura minúscula as unhas dos meus pés roídos de medo, a pedir que te esfregue pela enésima vez o creme nas costas salgadas pelo sol, a chamar-me para ti naqueles convites gestuais que fazes com o corpo e aos quais me habituaste a não resistir. Vejo-te sentada no pequeno cadeirão onde o Messenger permite caberem também as nossas filhas com quem continuas o jogo de confidências que diminui as distâncias, a levantar de lá o nariz com os óculos roxos de ver-ao-perto içados a meio para me lançares um comentário qualquer que facilmente esqueço por me ser sempre mais fácil fixar-te os gestos, a dobrar a minha roupa interior cada vez mais esburacada pelo queimar do sabão que dizes ter de enxaguar melhor antes de a pôr a secar. Vejo-te à janela a apreciar Luanda e a dizeres-me que pareces estar no paraíso simplesmente porque estás comigo, ouço-te calar pela jaula em que ficas todo o dia e que transformas em biblioteca até ao meu regresso ao final da tarde, sinto o conforto de me assegurares não querer depois sair à rua por não nos interessar a noite dos outros. Vejo-te a substituir-me no lavatório das peúgas e das t-shirts dos meus joggings matinais subitamente cheirosas e rejuvenescidas, no chuveiro a tomar o meu lugar a puxar a cortina de plástico para evitar que os espirros da água contaminem o chão, a segurar a emergência do toalheiro de arame que insiste em despregar-se da parede. Vejo-te em sítios de que não me lembro de te ter visto, dentro do guarda-fatos, do frigorífico, do televisor, no comando do ar-condicionado, na chaleira que deixou de ser usada, nas cruzetas das camisas que dependuravas passadas e espaçadas e que agora voltaram ao reboliço do tudo-ao-molho, vejo-te no corredor, na espera do elevador, na contagem dos degraus das escadas, nas pessoas que já não me sorriem porque tu já não as cumprimentas, vejo-te a meu lado a rir-te do trôpego do trâfego e da patética pressão dos arrumadores, a confortares com o olhar o de todos os pedintes e estropiados que nos cercam nas ruas, a alinhares comigo as pegadas na areia quente e fina do Cabo Ledo e do Mussulo, a calcorrearmos juntos as linhas da maré perante o espanto dos caranguejos que se transformam em bólides de aceleração lateral rumo à vazante, a deixarmos as ondas tirar-nos as roupas para podermos nadar nus naquela praia quase deserta, a sentir que o teu corpo continua a querer refugiar-se no meu para lá dos efeitos de todas as correntes que já atravessámos juntos e a desejar fazer amor contigo naquela barraca de canas que agora me parece um palácio.
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