quinta-feira, 8 de maio de 2008

Post ao desafio (da Laura num comentário no último)

Consta que Bob Geldof cantou em Lisboa umas monstruosidades sobre Angola, o que desde logo provocou a recusa ad-eternum da emissão do seu visto de trabalho por aqui e pôs os banqueiros anfitriões do Banco Espírito Santo a dorir os joelhos numa prece aos «criminosos». Pudera, sendo o BESA o banco mais rentável cá do sítio, mesmo que tendo apenas a quarta maior rede de balcões, lá saberão porque tiveram de se desdobrar de imediato em desculpas pelo engano no repertório do lord & rocker britânico. Sir Bob terá então descoberto que na baía de Luanda, que todas as manhãs despeja no meu jogging os mesmos maus cheiros que pelos vistos atraem os criminosos, as casas são caríssimas e que tudo isso será culpa de uma sociedade local de empreiteiros que dará pelo nome de Eduardo dos Santos & Cª. Mais do que isso, Geldof sentiu-se mesmo ofendido com o facto da terceiro-mundista Luanda ousar pretender destronar a imperial Londres do topo das cidades mais caras do mundo. E sem pobres e criminosos, supõe-se. Mas parece que o ex-Boomtam Rat se terá confundido com os preços pois que os que este desafio me obrigou a coligir referem que o metro quadrado dos escritórios arrendados em Luanda anda à volta dos 400 dolares por ano enquanto o de Londres ronda os 1.500. Pelo meio ainda andará o Dubai. Curiosamente, o edifício mais caro cá no burgo até é propriedade da British Petroleum, que consta ter como accionistas membros da Coroa. My God, are they criminals? Há muito quem pense, não apenas por estes lados, que certos crimes bem que poderão ter sido importados. Um destes dias ouvi de um angolano que dobrava o jornal. «Mais uma má notícia para Angola: foi descoberta uma nova grande jazida de petróleo».

3 comentários:

Laura disse...

Mmmmm... fiquei esclarecida acerca do essencial sobre a lenda. E no que não ficou dito... também percebi alguma coisa.
Pelo menos confirmei que fica sempre muito por dizer:)
Este é um assunto que me fascina, confesso, precisamente por não conseguir alcançar o porquê de algumas BIZARRIAS.
Oscilo assim entre a incompreensão perplexa, a indignação irreprimível e (mas...) a vaga sensação de que talvez não possamos aplicar neste contexto o mesmo raciocínio lógico, as mesmas leis do nosso (quadrado) universo europeu...:)
- Ou será que é apensa uma questão de escala...?

Atravessando o Atlântico para a outra costa africana, não resisto a lincar-lhe isto
http://jansenista.blogspot.com/2008/03/ainda-tens-o-telefone-dele.html#comments

José Leite disse...

Então a descobreta de uma jazida de petróleo é mau?

Não sobra mesmo um restinho para o povo^?!

Roberto Ivens disse...

RdB,

Resposta complicada para um «passant»...