segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Pensamento de Ano Velho (II)

Uma das mais enigmáticas frases que já ouvi foi a de um bancário chegado tarde a uma reunião para assinar um contrato que incluía contrapartes vindas expressamente do estrangeiro. Embora com mais de hora e meia de atraso, comprazia-se com o facto de alguns dos outros, provenientes do aeroporto, terem chegado uns minutos depois dele. E lá ecoou a frase que memorizei: «Em Portugal, ser pontual custa dinheiro!» Referindo-se, porventura, ao que teria produzido na hora e meia de trabalho em que consumira o atraso. Independentemente das dúvidas sobre a sua veracidade, tomei-o como um dito engraçado. Com a nuance de poder ser utilizada como um improvável ascendente numa qualquer discussão sobre a proverbial falta de pontualidade lusitana. Tenho-me lembrado muito disto em Luanda. E da produtividade encoberta que, certamente, se registará por detrás da ausência de qualquer noção de compromisso horário dos nossos patrícios angolanos.

1 comentário:

non! mon amour! disse...

Gosto destes " relógios derretidos " :)

de DALI :)

aqui muito bem escolhidos para ilustrar todo o " tempo derretido " em desencontros :))


Desencontros esses, que em Portugal, me parecem ter muito pouco a ver com a pura pontualidade ou a pura falta dela :)

Não ser pontual é tão natural em Portugal como a tradição das Ceias na Noite de Natal serem de bacalhau com todos :)

Um bom Português não é pontual -
simplesmente, porque há sempre alguma coisa mais importante para fazer, do que chegar a horas para uma outra coisa :)

Por isso, nós fomos Os Grandes Descobridores :) - está-nos no sangue!!!

Um atraso mínimo num Português :) pode sempre significar uma imperdível e grande descoberta ~~


Mais votos de um Feliz Ano Novo !