Por estes dias, tenho recordado o que me disseram uma vez, um pouco antes da minha partida à descoberta de Angola. Que não deveria esperar encontrar por aqui muita «gente de qualidade», mas que, ainda assim, sempre haveria alguns «génios». Tirando o habitual exagero das sumarizações, ainda para mais vindas de um yuppie angolano que decidiu arriscar a carreira no regresso à pátria de que aparentemente não tem em grande consideração, julgo ter percebido o sentido do aviso. O de que o mais difícil desafio, por estes lados, é o de não se deixar levar pelo status reinante e prescindir de certos standards de actuação. Talvez por isso o primeiro génio de Angola possa ser José Pedro Morais, ministro das Finanças revelação e personalidade do ano em diversas apreciações internacionais. Apreciações que ele próprio não hesita em fazer em defesa, por exemplo, da lusitanidade. E talvez que o segundo génio possa ser um sul-africano, também ministro das Finanças e detentor de nome luso, Trevor Manuel, por sinal o mais antigo detentor deste cargo no mundo inteiro. Na manhã em que anunciou resignar, junto com outros dez ministros do governo do ex-presidente Mbeki, o rand desvalorizou 30 cêntimos contra o dólar e a Bolsa de Joanesburgo ameaçou cair a pique. Manuel teve então de interromper uma reunião com o FMI em Nova Iorque para esclarecer que a resignação era deste mas não do próximo governo para que tudo voltasse outra vez aos trilhos. Quem sabe se, em África, os génios não vivem, afinal, em garrafas de Porto vintage?
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
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