domingo, 8 de fevereiro de 2009

Empregos em bloco

Nos dias de hoje, os políticos e os bloggers têm cada vez mais em comum. Desde logo, a necessidade de dizerem e escreverem coisas, que se esforçam por parecer novas, a fim de manterem a atenção dos respectivos fregueses. Basta uma cibernáutica e dominical leitura dos placards informativos que habitualmente utilizam para se perceber isso. Uma das técnicas, necessariamente de vendas, é apostarem em frases emblemáticas, como o fez Louçã com a dos coelhinhos reprodutores, numa figura de retórica, como bem refere Ferreira Fernandes no «Público» de hoje, de duvidosa fertilidade. Uma outra, já velha em deputados do PCP e do CDS e agora recuperada por bloggers apostados em projectar-se no universo da adivinhação, é a «de avivar a memória das pessoas». No «Delito de Opinião», por exemplo, demonstra-se que, afinal, a culpa da crise económico-financeira que abala presentemente o mundo não terá sido iniciada pelo sub-prime na América mas com uma promessa pré-eleitoral de um azougado candidato a primeiro-ministro de Portugal há quatro anos atrás. Mas, em definitivo, a baboseira da semana continua a pertencer a Louçã, professor de Economia e cada vez mais profeta nas horas vagas, que não resiste a cavalgar o que vem anunciando como a derrocada do sistema capitalista. Vai daí defende «a proibição de despedimentos em empresas que apresentem resultados positivos». O que não deixaria de ser uma excelente fórmula para criar mais empregos num Portugal bloquista. Colocava-se um comissário ao lado de cada contabilista, director financeiro ou gestor de cada empresa privada, se estas ainda fossem autorizadas a exercer a actividade, zelando para que mantivessem a todo o custo o rumo dos lucros. Numa orientação de gestão que visaria defender já não a óptica dos coelhinhos-patrões, que só pensam no lucro pelo lucro, mas a dos coelhinhos-trabalhadores e o seu legítimo direito ao emprego. E quando algum daqueles quadros propusesse investir-se numa nova linha de produção, no desenvolvimento de um novo produto ou em establecer-se num novo mercado... pimba! Recusava-se logo a proposta, dado o pernicioso dos custos associados que poderiam pôr em risco os insofismáveis lucros e o emprego de todos. Viva o Bloco do Emprego.

Sem comentários: