segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Fim
A despedida
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Bagdad, Angola
Os bairros Iraque e Bagdad serão locais tão feios quanto a generalidade dos musseques de Luanda, com construções irregulares, em locais desordenados, desinfraestruturados e, diz-se, grandemente ilegais. No entanto, dentro destes locais existe vida. O que nem sempre parece ser do conhecimento de todos.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
A second chance
O Projecto Angola LNG, no Soyo, é o mais importante investimento de sempre da economia angolana. Dado o potencial de criação de riqueza, esta poderia ser a grande oportunidade para que o seu povo pudesse, finalmente, sentir-se dono desta sempre adiada promise land. Desbaratada a primeira, pouca gente acreditará que o LNG possa ser a segunda oportunidade para que este país se comece a resgatar. quarta-feira, 29 de julho de 2009
Mastigações
Pintura de Etonasegunda-feira, 27 de julho de 2009
Crescimento & Desenvolvimento
quinta-feira, 23 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
domingo, 19 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
O poder do poder
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Terminal Dois
Está já operacional, desde sábado, 4 de Julho, o novo terminal internacional de desembarque, designado número dois, do Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, um empreendimento que custou aos cofres do Estado angolano a quantia de nove milhões de dólares. Ainda bem, digo eu, que sou um utilizador frequente desse local. Espero é que, em definitivo, eliminem também as melgas que por lá insistem em assediar os recém-chegados ao território.quinta-feira, 16 de julho de 2009
TAAG
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Tratar da saúde
terça-feira, 14 de julho de 2009
Horror
segunda-feira, 13 de julho de 2009
domingo, 12 de julho de 2009
sábado, 11 de julho de 2009
Club K Angola
O mais interessante blogue de angolanos para angolanos encontra-se no site Club K Angola, que se auto-define como clube dos angolanos no exterior. Muito do que expatriados vão ouvindo e apreendendo sobre o regime, a realidade informal e a mentalidade do país está neste local. Que é também uma elegia ao maior símbolo da cultura de Angola. O Pensador. Bem diferente do anódino e anónimo noticiário oficial. sexta-feira, 3 de julho de 2009
A luta, afinal, continua
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Fumo de artifício
terça-feira, 30 de junho de 2009
Estendal português
«Angola reclama 700 milhões de dólares depositados em Portugal transferidos de contas na Suíça». É o próprio banco supervisor, o Banco Nacional de Angola, quem reclama a propriedade deste dinheiro. E lá terá as suas razões. Afinal, num país onde uma simples transferência de 5 mil dólares para o exterior obriga a prévio licenciamento do Ministério do Comércio e à apresentação dos justificativos da transacção subjacente, certamente que o banco central deverá ter bem documentada a origem destes 700 milhões de dólares.Nambuangongo
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Princesa Isabel
«Esta mulher não pára». Há mais uma aliança no portfolio de Isabel dos Santos. Desta vez é com a Sonae. Não duvido que os supermercados Continente, mais a gestão de um dos mais eficientes grupos de distribuição europeus, seriam um sucesso em Angola. País que até poderia aproveitar esta oportunidade para desenvolver alguns sectores da sua imberbe produção interna. E que a chave deste casamento, ainda que polígamo, está no facto de ser feito com quem realmente interessa. Actualmente. Resta saber o que acontecerá no futuro se a monarquia angolana falhar. domingo, 28 de junho de 2009
A estética do regime
Muita da estética do actual regime político angolano está representada nesta foto, que mostra uma reunião do Conselho de Ministros presidida pelo Presidente da República. Não se trata de um encontro normal, no sentido em que um grupo de pessoas se reúne a uma mesma mesa para discutir ou debater determinado assunto. Pelo contrário, a foto mostra uma reunião entre várias pessoas mas em duas mesas. Em redor de uma delas, subalterna, sentam-se ministros e seus representantes e, na outra, bem mais alta, abanca-se o presidente. Primus inter pares. É o que quer dizer o meio metro de altura entre as mesas de JES e dos outros. Daí a estranheza da população pelo mais conhecido argumento presidencial sempre que uma medida do governo dá barraca. Que «não sabia de nada». Vai-se a ver porque o palanque presidencial estará excessivamente afastado da mesa ministerial.segunda-feira, 22 de junho de 2009
Cabinda
«Human Rights Watch denuncia violações dos direitos humanos em Cabinda». Algumas práticas aqui descritas de tortura sobre prisioneiros sugerem Guantanamo. Numa guerra surda já não contra Bin Laden e os seus seguidores mas, quiçá, ainda contra os inimigos, se não da América, da texana Chevron. Mais a sua base do Malongo, onde alberga os guardiões do mais importante poço de petróleo fora dos States.domingo, 21 de junho de 2009
Grande Líder finalmente
À volta da enorme mesa oval onde se reunem os, até agora, grandes deste mundo o espectáculo é desolador. Qualquer um dos presentes, sete homens e uma mulher, não consegue resolver um único dos problemas que têm em mãos. Há uma clara falta de liderança entre eles. Daí que o desânimo rapidamente vire alheamento. Sarkozy revira os olhos por um número antigo da Vogue, Medvedev aprecia um álbum de fotografias do perfil de Puttin, Brown procura com sofreguidão primeiras páginas de jornais com notícias de demissões, Berlusconi recebe SMS's a chamarem-lhe Papi, Harper folheia uma enciclopédia histórica sobre a gloriosa Frota Branca, Taro testa um novo i-phone da Sony, Obama mata moscas e Merkel boceja com tanta inactividade. Até que, de repente, o anfitrião Berlusconi anuncia. «Tenho uma ideia. Na próxima reunião, vou convidar para a presidir o único homem capaz de nos orientar». E vai daí todos os seus colegas do G-8 se irmanaram naquilo que já é um acordo histórico. «Presidente de Angola convidado para cúpula do G-8». O mundo encontra-se suspenso dos resultados dessa reunião.quinta-feira, 18 de junho de 2009
Pepetela dixit
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Léo Ferré - Avec le temps
Ainda hoje consigo rever o instante de espanto em que fui caçado quando a TV do Portugal recentemente saído das brumas me apresentou esta chanson miada em lágrimas por este, lembro-me muito bem das imagens que o ecran divulgou, faquir de um circo ambulante de ciganos espanhóis, pirata saído do cesto da gávea de um navio capitaneado por Sir Francis Drake, pintor flamengo clássico com a cara macerada pelo químico experimentalista das tintas. Um espanto que ainda hoje persiste. Apesar do tempo.
terça-feira, 16 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Campeões, campeões, nós somos ...
domingo, 14 de junho de 2009
O arquipélago da insónia
Um destes fins-de-semana, numa sombra da praia do Cabo Ledo, dei por terminada a leitura do último livro de Lobo Antunes. No dia seguinte, recomecei a lê-lo. Do princípio.sexta-feira, 12 de junho de 2009
Aniversário
Num comentário ao post anterior, o colega Reflexos lembrou a data. Em 12 de Junho de 1850, ou Julho, já não me lembro bem e a Wikipédia pelos vistos também não, nasceu em Ponta Delgada o grande Roberto Ivens. O verdadeiro. Que andou por estas mesmas partidas do mundo a desbravar matas e mentes. Para os mais distraídos, bora lá então a seguir o link da sua biografia na Wikipédia.O provincianismo português
quinta-feira, 11 de junho de 2009
O gato e as filhóses
terça-feira, 9 de junho de 2009
Ortografia zerada
segunda-feira, 8 de junho de 2009
63%
sábado, 6 de junho de 2009
Euro quê?
Nas vésperas da reflexão sobre o sentido do meu voto nas próximas eleições europeias, aprestei-me a assistir ao último debate na RTP N entre os cabeças-de-lista dos cinco maiores partidos portugueses. A ideia era decidir se valeria a pena entrar, mais a minha mala-de-cartão, na embaixada lusa em Luanda para deixar lá uma cruzinha. Quase desconjuntei a mala. O que deveria ter sido um debate esclarecedor, pelo menos para o ouvido deste emigra pontualmente impedido de desfrutar da musicalidade dos políticos da Pátria, acabaria por se transformar numa ópera bufa. A conversa seguiu num linguajar algo parecido com o futebolês, com o quinteto-de-ataque permanentemente a ameaçar com o daltonismo das suas próprias cores, puxando para temas certamente caros a empregadas domésticas, num argumentário de cassete e, quase todos, numa postura de brilhantes barítonos incompreendidos que anseiam por se atirar para a marquesa do psicanalista. Se a ideia era apresentarem-me a Europa, pois cá por mim tenho a declarar ter ficado a conhecer muito melhor o Cunene. Fica, então, decidido. Amanhã, dia de eleições para o Parlamento Europeu, vou votar nos caranguejos das areias finas do Cabo Ledo. sexta-feira, 5 de junho de 2009
AF 447
Todas as vezes que levanto voo tento abstrair-me daquela estranha dor de rins que insiste em pregar-me ao solo e pensar em qualquer outra coisa que me retire da insustentável leveza de estar naquele momento cintado a um avião. Acabo quase sempre por me concentrar em tentar adivinhar a metodologia dos que, em meu redor, utilizam as suas próprias estratégias de diversão, procurando ausentar-se nos livros, nos auscultadores, na TV, no forcing do sono, ou, simplesmente, em rebater a cabeça no banco da frente. É nestas ocasiões que acabo por invejar os que resolvem tudo isto com um furtivo benzer de dedos nos vértices de um triângulo fantasma. Afinal, cada um cozinha a fuga com os condimentos de cada qual. Dou por mim a pensar nisto enquanto vejo na TV o pai de uma das vítimas do voo AF 447 da Air France a reclamar a ida ao local do acidente, onde acredita poder ainda haver sobreviventes. O que resgato desta esperançada reclamação paternal é, afinal, a presença daquela mesma angústia sentida aquando do levantamento dos meus voos, agora, certamente, bem mais nua, gelada, pesada, sufocante, vertiginosa, irreversível, definitiva, já sem espaço para quaisquer manobras de diversão. Porque aí, desgraçadamente, passa a ser mesmo a doer. Paz às suas almas.quinta-feira, 4 de junho de 2009
História a escalpelizar
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Marcianos
terça-feira, 2 de junho de 2009
Inquietação
A notícia desta explosão em Gouveia deixou-me preocupado. Muito embora nunca me tenha passado pela cabeça começar-a-ter um rebanho de ovelhas, ou começar-a-ter um café, confesso que começava-a-ter a ideia de vir a tirar a carta de tractor. Poderei, por isso, vir a ser motivo de inveja por parte dos meus vizinhos, mesmo dos que não saltam para a rua ainda em cuecas? Tipo virem a dinamitar-me o tractor, por exemplo? Estou deveras preocupado com essa possibilidade. Pelo sim, pelo não, vou mas-é parar de começar-a-ter a ideia de vir a tirar a carta.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Dia dos petizes
domingo, 31 de maio de 2009
Deontologia-botox
Só por causa desta entrevista, em que terá divulgado o que o País que conheço há muito pensa, Marinho Pinto já mereceria ser reconduzido como bastonário da Ordem dos Advogados portugueses. Entretanto, aguarda-se a sua próxima visita a uma nova loja de porcelana.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Sombras de Luanda
domingo, 24 de maio de 2009
Luzes de Luanda
Defronte da sanita gigante em que está actualmente transformada a baía de Luanda, encontra-se instalado o mais chique SPA de Angola, de seu nome Deana. Mais propriamente, de Ana Paula dos Santos, ex-hospedeira da TAAG e actual empresária, que acumula funções com as de Primeira Dama do país. Um destes dias, por mero acaso, fui assistente de uma sua acção de promoção na marginal, uma «maratona denominada Saúde e Bem-Estar» visando «alertar as pessoas a prestarem mais atenção ao seu estado físico e mental» como noticiaria a imprensa local. Ora o que eu vi foi um grupo de três a quatro dezenas de mulheres, de todas as idades e compleições físicas mas, seguramente, do mesmo estrato social, vestindo trajes aeróbico-desportivos donde sobressaíam t-shirts, toalhas e bonés brancos do SPA, percorrerem o passeio da marginal em pose de gesticulante folia, para espanto dos inúmeros sem-abrigo que por ali mal-acordavam de mais uma noite ao relento. Porventura, por há muito eles próprios terem deixado de prestar atenção ao seu estado físico e mental. À frente do pelotão seguia, de costas, um esfusiante pastor de aeróbica e, logo a seguir, a Primeira Dama herself. A marcha formava um compacto quadrado humano, cujos vértices eram policiados por quatro mal-disfarçados seguranças que seguiam, civilmente, com as camisas libertas por fora das calças, certamente que para assegurar que cada participante continuasse a ter «mais saúde e boa disposição para assumir as tarefas do dia-a-dia». Como complemento securitário, seguiam mais à frente na marginal um polícia de trânsito montado numa moto e uma carrinha onde ia empoleirado um grupo de militares armados. Afinal, tratava-se de guardar as costas militantes da beautiful people do regime, para quem, suspeito, o SPA Deana não passará de uma extensão do palácio presidencial. Entretanto, julgo que será de prestar atenção às próximas promoções de rua deste centro de estética, que promete vir a oferecer ao público de Luanda novos métodos de massagem, bem como a introduzir no mercado novos serviços como o «Power Jump», o «Body Balance», o «Step Dance», o «Aerodance» e o «Hidrobike». Consta que o mais aguardado de todos, numa sondagem entre os párias da marginal, será a «Tatuagem das Sobrancelhas». Acelerar na recessão
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A variante angolana
«Luanda precisa de murro na mesa»
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Guerra de zeros
Habituado à orientação anglo-saxónica nestas coisas, confesso ser um recente descobridor de uma guerra que poderá ser já velha para alguns. Como se deverá ler 1.000.000.000? Um bilião? Mil milhões? Ou, como no Brasil, um bilhão? E a unidade de medida a seguir, 1.000.000.000.000? Um trilião? Um bilião? Todas estas leituras estarão correctas, daí a confusão. A qual, em Angola, tenderá a avolumar-se pela diferente origem e formação de cada leitor, resultando daí frequentes disparidades na interpretação das mesmas grandezas. Mesmo que, como esclarece Nuno Crato, a matemática até seja «uma ciência exacta». quarta-feira, 20 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
Investimentos rasca
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Em busca dos posts perdidos
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Diz que é uma espécie de paragem
Minas em desfile
Desminados mais de quatrocentos milhões de metros quadrados. É, realmente, muita mina, ódio, traição, cobardia, desprezo pela vida humana. Não apenas de angolanos, mas também de todos os que lutaram, influenciaram, envenenaram, pilharam, hipotecaram o destino deste povo. Que continua minado em si mesmo.segunda-feira, 11 de maio de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
Senescências
Imprensa Nacional
sábado, 9 de maio de 2009
Crocodilo Dundee
Crocodilos matam nove crianças em Angola. Esta notícia, estranhamente transcrita num tom que parece vaguear entre a banalidade do acontecimento e a inevitabilidade do próprio desfecho, traz à memória documentários do National Geographic e imagens de crocodilos a banquetearem-se de gnus, impalas, zebras e outros animais que se forçam a atravessar em manada rios infestados de predadores em busca de novas pastagens. O que essas imagens terão de extraordinária demonstração de luta pela sobrevivência multiplicam-se de horror quando se imagina que as vítimas se tratam, afinal, de seres humanos. Crianças. Desgraçadamente, as dundees de um inexplicável filme macabro. sexta-feira, 8 de maio de 2009
Hip hip hurrah!!!
Angola salva o ano aos vinicultores de Portugal. Encontra-se mais ou menos institucionalizado, por aqui, que haverá investimentos cujo retorno se duvida ser o verdadeiro motivo do respectivo arranque. Ora esta notícia parece demonstrar que, afinal, o axioma estará errado. E que a Merlot e a Sauvignon poderão vir a ameaçar a omnipresente Cuca no conteúdo dos copos dos angolanos do futuro. O que será uma verdadeira prova, afinal, do retorno do investimento em devido tempo feito nas quintas mwangolés do Douro.Estádios históricos
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Comícios & bebícios
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Um gigante desmembrado
Eis um testemunho bem mais elucidativo sobre o poder da mente do que o transcrito na literatura dos gurus de supermercado.
domingo, 3 de maio de 2009
Aleluia
Hoje é Dia da Mãe e não tenho como festejar. Porque estou órfão. Tanto de mãe como de pai. Aliás, de mães e de pais, pois tive a sorte de ter dois de cada. A todos, acompanhei-os até ao fim, numa proximidade nem sempre fácil mas que acredito ter sido a suficiente para, também, acreditarem que nunca estiveram sós. Tal como tendo a pensar que, agora, não estou. Por isso, estou órfão, não sou órfão. Também por sentir ter, por vezes, uma esquadra a vigiar-me. No parapeito de uma mesma janela corrida. Não sei muito bem onde.
sábado, 2 de maio de 2009
Flag Man
Afinal, parece que Scolari já não virá treinar a selecção de Angola. Mais do que os adeptos locais ainda não convencidos da falência do futebol-retranca de Filipão, são os comerciantes indianos e chineses que dominam o trading por aqui quem demonstra maior frustração. Pré-contratos e encomendas de contentores e paletes de bandeiras ter-se-ão desfeito no pó que nenhuma prece foi capaz de resgatar. O que será uma pena. Também eu gostaria de ver o efeito sobre Luanda, mais a sua falta de varandas, dos enfeites da bandeira negro-rubra rachada pela catana, pela semi-roldana e pela estrela dourada. Em Portugal, apesar de tudo, foi giro. sexta-feira, 1 de maio de 2009
Dia do trabalhador
Hoje também faço anos, como trabalhador, pois iniciei-me a um 1º de Maio. Na verdade, dado o feriado, comecei no dia seguinte, mas é o que ficou registado no contrato. O que daria origem a algum gozo, lá em casa, por esse pormenor no arranque não abonar nada a favor da qualidade do novo trabalhador. Mais tarde, mudei uma vez de emprego num 1º de Novembro, novo feriado, o qual, para além do extra-bolso, me faria reincidir na chacota doméstica. Tantos anos entretanto passados, creio ter compensado esse absentismo precoce com muito after-hours, quantas vezes estendido aos fins-de-semana e feriados. O que, mesmo assim, jamais me deu o privilégio de poder, heroicamente, engrossar qualquer manifestação num 1º de Maio. Pelo contrário, houve sempre alguém a avisar-me de que poderia ter-me poupado ao desperdício se soubesse gerir melhor o meu tempo no trabalho. Agora, em Angola, tenho-me deparado com uma nova faceta de forçado workaholic. O que me tem trazido tanta frustração quanta infelicidade. Por não haver nada de especialmente excitante em continuar por aqui casado-com-o-trabalho. quinta-feira, 30 de abril de 2009
Roupa suja
segunda-feira, 27 de abril de 2009
O triunfo dos porcos?
Um casal beija-se no centro histórico da Cidade do México, com máscaras para evitar a gripe suína. Foto Alfredo Estrella/AFP - via JN domingo, 26 de abril de 2009
Quarteirão de Abril
No 25 de Abril de 1974 estava no liceu. Os zunzuns de uma revolução em Lisboa fizeram-me temer por um irmão mais velho que nessa altura fazia recruta na base do Alfeite. Para logo depois me deixar entusiasmar pelo que me diziam ser de celebrar. De imediato, que o meu irmão já não corria o risco de ir combater para um local que diziam ser nosso mas que, lá por casa, ninguém conhecia. A seguir, fui acreditando que tudo aquilo que ia acontecendo era tão rejuvenescedor quanto o sentido do meu próprio crescimento. Depois, passei a ficar carregado de dúvidas. E até acabei por pôr os pés em África. Quanto à Revolução dos Cravos, consta que têm havido disputas entre os mordomos do Parlamento para que a flor não perca a côr original, pelo menos, no dia das comemorações anuais. E, num restaurante daqui, pareceu-me ter visto pela RPT Internacional um deputado a chorar enquanto lá discursava. Mas já não consegui perceber muito bem porquê. Se calhar foi da distância. sábado, 25 de abril de 2009
Anopheles
Hoje, Dia Mundial da Luta contra a Malária, sei, finalmente, o nome do meu maior inimigo. Anopheles. Tem nome de guerreiro, ou filósofo, ou, simplesmente, político, grego, egípcio, talvez, também, fenício, embora toda a gente por aqui saiba que não passa de um merdas qualquer. No entanto, continua a ser o mais implacável exterminador de vidas humanas em Angola. Só em 2008 matou 9.300.Voos ao domicílio
Pepe Loco
Após o belicismo destas imagens, fico com a certeza de que, se fosse sócio do Real Madrid, exigiria que este Pepe, dito futebolista do clube espanhol, fosse de imediato despedido da equipa. Como não sou, fico na expectativa de que, pelo menos, seja expulso da selecção nacional portuguesa.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Macas & marquesas
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Mentes brilhantes para exportação
quinta-feira, 16 de abril de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
Vá para fora cá dentro
Em viagem recente a Cabinda, a inconveniência da recordação da frase-tipo do turismo interno português que titula este post tornou-se perceptível logo à chegada ao aeroporto doméstico de Luanda. O voo, marcado para as 10h da manhã, havia passado para o meio-dia sem qualquer aviso prévio. Uma interrogação tuga junto de cinco funcionários displicentemente alojados num cubículo que albergava também uma secretária e duas cadeiras e cujo arquitecto certamente idealizara para recolher baldes, vassouras e esfregonas, teria direito a um lacónico mas esclarecedor «porque não há avião». Em meu redor, o que momentos antes era fila para o check-in transformara-se num tranquilo amontoado de malas sentadas por passageiros esclarecidamente dispostos a ali passarem duas horas de suculento dolce far niente. No regresso a Luanda, dois dias depois, Dia do Pai e véspera da visita do Papa a Angola, o reconfirmado voo das 15h respeitaria os atrasos do costume. 15h15m. 15h30m. 15h45m. 16h. Ouvi alguém a meu lado, certamente candidato a vidente, bufar que o avião, se calhar, «atrasou-se ao sair de Luanda». 16h15m. 16h30m. Por esta altura o vidente aperfeiçoava a técnica, «se chegar aqui muito tarde pode já não levantar porque este aeroporto não tem luzes na pista». 16h45m. 17h. 17h15m. A partir daqui, as preocupações dos restantes passageiros, na sua maioria, aparentemente, peregrinos de Bento XVI, sintonizaram-se com as do vidente, estranhando que o mais moderno aeroporto regional de Angola não possuísse ainda luzes de sinalização na pista. 17h30m. 17h45m. Daí a pouco um avião da TAAG aterraria, indo desaguar mesmo junto às montras da sala de embarque, onde cerca de cento e cinquenta pares de olhos, sem contar com os das bagagens, já vigiavam as saídas dos passageiros e das malas que gostariam de revezar, entre o impaciente e o expectante de que essa muda se fizesse antes do ameaçador pôr-do-sol. Logo a seguir, como que para manter acesa a chama da esperança, os altifalantes do aeroporto alumiaram. «Senhores passageiros do voo para Luanda, queiram dirigir-se para a porta de embarque», o que rapidamente provocou a formação de uma fila... enfim, angolana. Mas o relógio pareceu continuar surdo. 18h. 18h15m. 18h30m. Um pouco antes das 18h45m surgiu à porta de entrada, vindo da pista, um sujeito a anunciar que «o avião levanta amanhã às 5h da manhã». Depois disto, aconteceu algo absolutamente extraordinário. Em menos de três minutos, 95% dos passageiros abandonaram a sala de embarque do aeroporto, não se incomodando em saber das razões para o cancelamento do voo que haviam comprado ou, sequer, em reclamar, exigir, insultar, pontapear, esmurrar, quiçá, garrotear, como antigamente se fazia e modernamente por vezes apetece, o mensageiro daquela desgraça. Seria, então, a um pequeno grupo de inconformados expatriados e quadros superiores de um ministério de Luanda que o mesmo corajoso controlador de voo do aeroporto, substituindo-se à tripulação ignorante da Convenção de Varsóvia, acabaria por justificar, ao fim de meia hora de contactos telefónicos, que «a senhora directora regional da TAAG não tinha instruções» para custear as despesas de hotel dos passageiros que teriam de pernoitar em Cabinda. Logo saltaria da tampa tuga uma sugestão de placard para o turismo interno angolano. Vá para o inferno cá dentro. sábado, 11 de abril de 2009
Redacção sobre a Páscoa
Quando era miúdo detestava a Páscoa. Pelo cheiro a hóstia que parecia apoderar-se das pessoas, nas ruas mas também em casa, pela exibição non-stop de missas na TV, prolongada por transmissões directas e em latim do Vaticano, pela troca das valentes matinées de coboyadas por piedosos filmes italianos sobre os últimos dias de Jesus Cristo, em que até o carrasco chorava a meio das vergastadas, pela obrigação de comer peixe com amêndoas durante a sexta-feira santa e, basicamente, por me serem impostas nesse período regras, especiais face aos restantes dias do ano, que me eram incompreensíveis e causavam desconforto. Desde logo, a obrigação de escolher roupa nova. Agora, compreendo melhor que, vindos do Inverno, a chegada à Primavera convide à renovação de muitas coisas, inclusivè, de agasalhos. No entanto, o que poderia ter de atractiva uma ida às compras na pré-história dos shoppings dissipava-se rapidamente quando se chegava ao fatídico acto das escolhas finais. Ter dez ou doze anos e a mãe ao lado a organizar uma equipa de jurados entre os outros clientes da loja para me convencerem de que aquela camisa cheia de cornucópias e com uns colarinhos que chegavam às orelhas me ficava a matar, para além de que seria um óptimo substituto para a t-shirt coçada que levava grudada ao corpo, ainda se mantém hoje como uma recordação bem deprimente. Curiosamente, nos tempos mais recentes, finalmente tesoureiro de uma família com três mulheres, não deixo de me rever no espírito pret-a-porter da quadra, embora mantendo a azougada memória herdada da infância que me permite ser implacável a partir do terceiro ou quarto «este vestido é tão lindo, papá!» Um outro trauma vem do contexto de religiosidade bafienta em que a Páscoa se desenrolava e que originava que as duas semanas de férias de escola se transformassem quase automaticamente em frequências de igreja. A anormal concentração de missas, catequeses, confissões, vias-sacras e procissões obrigavam a uma inaudita memória para se decorar a cor das roupas dos padres ao mesmo tempo que tentava compreender como é que o meu parceiro de bilhar havia conseguido meter a preta a uma só tabela. Fugir a assistir a, pelo menos, uma via sacra durante este período era uma tarefa heróica porque as mães tendiam a julgar que só assim poderiam livrar os filhos de todos os pecados mortais originados pelos alternativos jogos de matraquilhos e snooker, pelas sangrentas e bem mais animadas matinées no cinema ou pelas futeboladas de mercurocromo jogadas no pelado de saibro do adro da igreja. Lembro-me que o castigo divino provocado pelo pecado da ausência a uma via-sacra era mais ou menos equivalente ao de apalpar as colegas durante a catequese. Mas o supremo clímax pascal dava-se após a procissão nocturna do Senhor Morto, quando o silêncio acusador de um cortejo de homens vestidos de roxo, encapuzados e armados de archotes, passando por entre filas cerradas de beatas que empunhavam terços e rezas, era interrompido pelo assustador barulho das racas de pau que me acordavam dos pesadelos onde eu me debatia com Judas Iscariotes, Pilatos, uma porrada de judeus, romanos, fariseus, escribas, centuriões e toda a sorte de demónios que tinham, nessa altura, o vício de se reunirem debaixo do meu travesseiro.quarta-feira, 8 de abril de 2009
Não há duas sem três
O terceiro caso de assédio, provado, de que fui vítima em Angola ocorreu, muito provavelmente, em Cabinda, numa estadia programada para dois dias mas prolongada, por imposição da TAAG, cada vez mais agente promotor do turismo interno angolano, por mais um. Durante a noite, o tão temido barulho dos voos rasantes dos meus carrascos alados, a que costumo ripostar com cegos golpes de palma aberta sobre as orelhas atacadas, acordou-me por diversas vezes, obrigando-me a erguer da cama para encetar um bailado de pugilista sonâmbulo, a distribuir upercuts sobre todas as pintas existentes nas paredes e nos móveis que forravam o quarto do hotel. Pela manhã, bem que me pareceu notar sorrisos trocistas nos ferrões dos cadáveres dos dois pilotos que deixei esborrachados nos azulejos das paredes da casa-de-banho. Prenunciavam já, sei-o agora, mais uma noite de lasciva fecundação. «Um por campo» foi desta vez a sentença do juiz-de-bata-branca do costume, exactamente na véspera do meu regresso a Portugal. Por isso, conto agora vingar-me a dentadas de ovos cozidos em calda de cebola, devidamente salteados e pimentados, a amêndoas tiradas do arco-íris de taças que por aqui centram mesas, a vinhos que mudarão de cor e taninos consoante o que olhos e narizes pleonasticamente vêem e cheiram, a coelhos de chocolate de que não gosto mas ainda menos suporto fitarem-me firmes e hirtos nas suas enormes orelhas cobertas por papel prateado, a pão-de-ló recheado a LBV e a tudo o que saiba a exagero. No regresso a Angola, tenho a certeza de que vingarei com colesterol as próximas picadas. terça-feira, 7 de abril de 2009
Post de uma morte (não) anunciada
domingo, 5 de abril de 2009
Selagens
sábado, 4 de abril de 2009
Pif-Asus
Depois de o ter já ameaçado, o Asus pifou mesmo. Daí que, nos últimos dez dias, algumas novidades terão passado ao lado deste blogue. Por exemplo, a terceira confirmação do meu, tão fulminante quão preocupante, sex-appeal junto das mosquitas de Angola, o anúncio antecipado, mas não publicado, da morte deste blogue e, finalmente, o regresso a Portugal mesmo a tempo de assistir a outra propalada paixão, a de Cristo. Pelo meio, passaram ainda algumas outras águas de que espero poder pontear nos próximos dias. Num outro laptop perto de mim. Finalmente. quinta-feira, 26 de março de 2009
Quem sai aos seus...
quarta-feira, 25 de março de 2009
Facas na Liga
Após cinco minutos a assistir, através da RTPi, à baboseira que vai decorrendo no Prós e Contras, atirei a almofada do sofá ao chão, vaiei o comando do televisor, pontapeei um copo de plástico e saí da sala com a frustante convicção de que o melhor e mais salutar programa desportivo da televisão portuguesa é a Liga dos Últimos.Redzinger
Bento XVI falou no tabu da corrupção. E agora? Pois, boa pergunta. Se calhar, logo seguida por uma outra, ligeiramente mais plebeia. Quem diria que este Ratzinger viria aqui armar-se em João Paulo II, o verdadeiro Papa? Quiçá seguida por um pagão acto de contrição. Vá-se lá confiar nesta gente mais na sua eclesiástica mania de protagonismo. Então, agora... vamos lá a saber quem foram os editores de jornais que se atreveram a transcrever na íntegra os discursos do Papa.terça-feira, 24 de março de 2009
Exitosos defuntos
domingo, 22 de março de 2009
Instâncias papais
Bento XVI insta classe dirigente a pôr fim à corrupção. E instou bem, como, certamente, o mundo inteiro terá considerado. Tal como consideraria igualmente uma outra instância, a da profilaxia do preservativo, que permitiria salvar por aqui tantas criaturas de Deus. Não se conhece, entretanto, é a resposta da corrupção à afirmação papal. O que se sabe é que, para já, irá haver, amanhã, nova tolerância de ponto em Angola. A acrescentar à da sua chegada, na última sexta-feira. Desta vez, para festejar a despedida do Papa. Em mais uma prova de que a produtividade angolana há muito foi abençoada.

